Por Mauricio Cataneo (*)
Dizer que o mundo enfrenta uma crise sem precedentes é mais do mesmo, mas os efeitos da Covid-19, particularmente no mundo dos negócios, ainda estão sendo compreendidos. Não é exagero dizer que esse cenário se torna ainda mais complexo quando falamos em cibersegurança.
Considere primeiramente que negócios e comportamentos dos consumidores tiveram que rapidamente ser redesenhados durante a migração para o modelo de trabalho remoto. O mercado de tecnologia enfrentou – e está enfrentando – o desafio. Ainda assim, outro notável grupo se aproveitou da pandemia para criar novas metas: os cibercriminosos, que constantemente tiram proveito de momentos sensíveis para utilizar phishings, ransomwares e outros ataques, prejudicando pessoas físicas e companhias em grande escala.
Trabalho remoto, o novo alvo dos hackers
Enquanto utilizamos redes de Wi-Fi familiares, plataformas de videoconferências e VPN´s (Virtual Private Networks) para continuar nossas rotinas de trabalho, o número de hackers que busca vulnerabilidades nessas plataformas aumenta.
O Unisys Security Index, uma pesquisa global sobre preocupações dos consumidores com segurança, mapeou que em 2020 o risco de violação de dados durante o trabalho remoto é muito importante apenas para a metade (52%) dos brasileiros.
A meu ver, estamos diante de uma falsa sensação de segurança digital. Fato que é especialmente surpreendente dado que, no geral, o Brasil registrou o maior crescimento ano a ano em preocupações com segurança na comparação com qualquer outro país avaliado.
Com o trabalho remoto enquanto nova prática, com uma infinidade de dispositivos ligados a redes, não são apenas nossos sistemas financeiros passam a estar em risco, mas também nossos governos, companhias de comunicação, energia e saúde, entre outros. O ponto é que os dados passaram a ser o bem mais valioso desses tempos em que vivemos.
Acontece que muitas empresas não estão adotando nem mesmo medidas de segurança básicas para entrar em conformidade com essa nova realidade. Seguem algumas delas:
Adaptar plataformas de segurança para o trabalho remoto
Não estamos falando em burocratizar rotinas. Pelo contrário. É preciso oferecer maior segurança a funcionários quando se conectam de casa e melhorar suas experiências com as plataformas da empresa. Na prática, isso significa menos uso das antigas e não escaláveis VPNs e mais uso de processos e tecnologias Zero Trust, incluindo acesso rápido e codificado, ferramentas de verificação de identidade e micro segmentação para limitar os danos causados pela entrada de malwares. Isso permite a escalabilidade segura em picos de acesso, uma exigência das operações atuais.
Utilizar tecnologias emergentes para ampliar a segurança
O primeiro passo é reconhecer os novos riscos de ter uma base de colaboradores trabalhando remotamente. Uma ótima alternativa para esse cenário é adotar controles de segurança adicionais, tais como autenticação multifator – um código de um dispositivo externo – ou até mesmo logins biométricos, tais como impressões digitais ou reconhecimento facial, que muitas pessoas já utilizam para acessar seus smartphones.
Adotar ferramentas cibernéticas de última geração
Pensando no copo meio cheio, a pandemia pode ser uma oportunidade para que organizações expandam o uso de capacidades avançadas de automação de segurança, incluindo a utilização de inteligência artificial.
O isolamento dinâmico de dados, método que identifica automaticamente e isola ameaças em menos de dez segundos, protegendo redes empresariais de enormes prejuízos. Essas são tecnologias fundamentais hoje, mas serão ainda mais necessárias em um futuro próximo para que possamos, por exemplo, verificar a identidade de colaboradores, identificar discrepâncias e comportamentos irregulares ou detectar rapidamente usuários maliciosos.
A realidade de nosso novo mundo digital, agravada pela pandemia global, exige que repensemos nossa abordagem com a segurança. O quando antes entendermos que o futuro de nossos negócios está inexoravelmente ligado à segurança cibernética, mais cedo poderemos nos preparar para qualquer novo desafio que possamos enfrentar adiante. Em sua essência, a pandemia tem sido um catalisador para o início de uma nova realidade tecnológica.
* Maurício Cataneo é Presidente da Unisys Brasil
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