Segurança e Turismo: um bate papo com Inbal Blanc

Especialista em gestão de riscos e segurança para o turismo fala sobre as perspectivas do setor e dá sua opinião sobre o uso de novas tecnologias 

O turismo internacional no Brasil é muito pequeno em relação ao seu potencial.  

Segundo o último relatório de competitividade no turismo de uma das organizações mundiais, o Brasil se destaca em 2º lugar pelas suas belezas naturais e em 8º pelos seus recursos culturais. 

Entretanto, no quesito segurança, o Brasil piorou entre 2017 e 2019, caiu do 116º lugar para o 123º lugar de 140 países avaliados. 

O que mostra a diferença entre seu potencial e a realidade. 

Com o aumento constante do turismo mundial nos últimos anos, e aumento no nível de risco, há cada vez mais preocupação dos viajantes e das empresas com essa questão. 

Incidentes como o ataque do atirador ao show em Las Vegas de 2017 ou o vazamento de dados de 500 milhões de clientes da rede de hotéis Marriott em 2018, são fatores que levaram empresas de fora a melhorarem suas estratégias de defesa. 

SEGURHOTEL foi inaugurada no Brasil em 2010, após a confirmação da realização da Copa do mundo e dos jogos olímpicos no país. 

Na época, os investidores acreditaram que os hotéis e o turismo em geral teriam que investir e se preparar para os padrões internacionais. 

Entretanto, ao fazer a análise inicial, constataram que a situação era muito mais precária do que imaginavam, já que, no Brasil, não há sequer uma legislação que regulamente o que se entende internacionalmente como Security

Dentro deste quadro, vimos que a hotelaria em geral e os demais negócios turísticos do país investem pouco na área da segurança e principalmente na qualificação dos seus colaboradores.

Inbal Blanc

Inbal Blanc conta com mais de 17 anos de experiência na área da segurança pessoal e patrimonial e de gestão de Riscos.  

Sua carreira foi desenvolvida em Israel, onde foi oficial da tropa de elite do exército, tendo também trabalhado com segurança de hotéis e turismo no setor privado. 

É fundador e CEO da SEGURHOTEL, empresa de Consultoria de segurança e riscos no segmento hoteleiro na América Latina, trabalhando com mais de 150 hotéis de diferentes níveis em todo o Brasil e na Argentina. 

É também co-autor do livro Gestão da Qualidade e Riscos para Gestão da Qualidade e Crises em Negócios no Turismo, lançado pela editora Senac em 2018. 

Em exclusividade, o especialista concedeu uma entrevista ao Blog da Segurança, para falar sobre segurança e turismo. 

O treinamento na área da segurança é o que mais falta no Brasil 

Na opinião do especialista, existe uma grande necessidade de investimento em qualificação e treinamento de equipes no ramo de turismo do Brasil. 

O treinamento da equipe de segurança e a conscientização dos gestores e dos demais funcionários de qualquer empresa é a base da solução, incluindo simulados e testes periódicos”, aponta. 

Para Inbal, por de trás de qualquer tecnologia precisa haver uma pessoa bem treinada e qualificada e, ainda assim, existe o risco de falhas, “portanto, o fator humano continua sendo a base de todo o processo”. 

Uso de tecnologias no setor de segurança

Questionado sobre o uso de novas tecnologias nos processos de segurança, ele avalia a escolha da ferramenta como fator determinante. 

Ao avaliar e escolher a tecnologia é importante que fique bem claro quais são os objetivos. Muitas vezes vejo que a tecnologia contratada não é utilizada ou até atrapalha”, salienta. 

Entretanto, ele também aponta que a tecnologia atingiu valores acessíveis por quase todas as empresas e empreendimentos, e que ela pode fazer a diferença no nível de segurança. 

Veja os exemplos de ferramentas tecnológicas apontados pelo especialista: 

  1. Analise de imagem – A análise de imagem auxilia a equipe de segurança a identificar diferentes riscos em tempo real e a reagir de forma rápida e precisa. Esta tecnologia possibilita criar diversos alertas específicos para a realidade e risco de cada empresa. 
  2. Integração de sistemas – É importante que os diferentes alertas (câmeras, IR, posicionamento de homem de segurança, análise de imagem…) estejam integrados e apareçam de forma fácil para o gestor ou operador da central de segurança. 
  3. Aplicativos – Aplicativos que facilitam a indicação sobre um alerta, que pode vir de qualquer funcionário da empresa, para a equipe de segurança e pode alertar diferentes grupos predeterminados sobre alguma situação.   

As três soluções acima descritas já contam com algumas opções de empresas maduras que podem oferecer uma solução confiável com manutenção de boa qualidade”, aponta Inbal. 

A Tecnologia e o Turismo 

Já sobre a utilização da tecnologia no setor de segurança voltada ao turismo, ele aponta outros três recursos que podem ser utilizados em diferentes áreas: 

  • Sistemas robustos para cidades inteligentes com projetos de Safe City
  • Utilização de análise de imagem e aplicativos por parte dos diferentes negócios como hotéis 
  • Solução de auxilio emergencial para turistas no destino turístico 

O especialista acredita que as empresas, tanto no turismo quanto em outras áreas, através dos seus executivos, devem criar uma Cultura de Segurança, entendendo sua responsabilidade e envolvendo todos os funcionários. 

Para ele “o jogo de faz de contas que prevalece nessa área simplesmente não funciona”, e completa: “a minha recomendação é investir nos treinamentos teóricos e principalmente práticos e criar uma rotina de testes para sempre avaliar o nível real da segurança”. 

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