Boing 737 Max

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Estudo de Caso: Boeing – o que não fazer no Gerenciamento de Crise

Há algum tempo a empresa de aviação Boeing vem entrando em uma espiral de acontecimentos que corroeram a credibilidade de seus serviços. 

Em uma empresa de aviação, a segurança é requisito número um. Qualquer notícia que afete este setor pode comprometer fatalmente todo o negócio. 

E, após uma sucessão de fatos, as medidas tomadas até o momento pela corporação não foram capazes de reparar sua imagem no mercado. 

A Boeing está envolvida em uma crise desde que dois de seus aviões modelo 737 Max caíram na Indonésia e Etiópia. Não houve nenhum sobrevivente. 

A empresa apontou defeito nos sensores das aeronaves, mas, até o momento, as regulamentações necessárias para que as correções sejam feitas ainda não foram aprovadas. 

Em março deste ano, governos do mundo inteiro proibiram a circulação da aeronave em seus países.

Para piorar a situação, os jatos 737 Next Generation, uma versão mais antiga do 737 Max, precisam de constantes revisões em trincas causadas por um atrito indevido nas asas. 

Segundo a Administração Federal de Aviação Norte-Americana, os motores deste modelo também necessitam de reajustes em todas as suas peças, porque existem falhas oriundas dos projetos anteriores. 

A falta de comunicação como agravante 

A comunicação é uma ferramenta essencial em qualquer Gerenciamento de Crise. Ela que veicula as informações e, quanto mais eficientemente for utilizada, mais chances de se ter um Plano de Contingência bem executado. 

Em meio a todos esses percalços, a Boeing ainda foi acusada pelos próprios funcionários de ser uma companhia que coloca o lucro acima das pessoas e também da própria segurança. 

Os problemas na parte técnica foram agravados pelos problemas de comunicação. A falta de confiança dos funcionários levada a mídia trouxe incerteza quanto ao futuro da companhia. 

Desvios de recursos e indiferença perante às críticas também foram alguns dos outros apontamentos feitos pelos colaboradores. 

Antes do acidente com o 737 Max, um engenheiro da Boeing levantou suas preocupações a respeito do projeto, mas a gestão decidiu seguir com o cronograma de produção. 

Dennis Muilenburg, o recém demitido CEO da Boeing, também afirmou que em uma audiência no Comitê de Transporte discutiu pessoalmente com um dos funcionários responsáveis pela revisão da aeronave e, que ainda assim, nenhuma alteração foi feita. A decisão de afastar o CEO vem para a companhia tentar restaurar a confiança na companhia, enquanto ela trabalha para reparar relacionamentos com órgãos reguladores, consumidores e outros parceiros.

Gerenciamento de Crise: o que pode ser feito 

Contudo, mudanças na administração, reparos técnicos e pedidos de desculpas não serão o suficiente para recuperar a credibilidade da Boeing perante ao público. 

A empresa criou o departamento de Product and Service Safety Organization para centralizar as responsabilidades sobre o assunto.  

Construiu também uma espécie de museu para os funcionários, que exibe artefatos dos acidentes. O objetivo é lembrar os colaboradores da importância do seu trabalho para a segurança das pessoas. 

Todas essas ações, ainda que demonstrem iniciativa, não apresentam uma solução tangível. Muito menos apontam quais ações a empresa tem tomado para evitar que novos acidentes aconteçam. 

Trazer uma equipe externa de postura neutra parece ser a solução mais sensata neste momento.  

Com um bom planejamento, executar o Gerenciamento de Crise em Comunicação, avaliando o posicionamento da empresa até aqui, para identificar em quais momentos os laços de confiança com os colaboradores foram danificados. 

Reparar a organização internamente, fortalecendo os valores da Boeing, é o primeiro passo para que ela consiga recuperar sua imagem também do lado de fora. 

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